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segunda-feira, setembro 29, 2008

Pazes:

"Eu sou uma boneca russa que se abre - uma a uma - e se revela em várias"...

Resolvi que a única maneira de estabelecer uma convivência pacífica com meus "eus-líricos" é divorciá-los.

Eis aí, cada uma num lugar:

- O fundo do copo
http://fundodocopo.blogspot.com

Porque das mesas de bar não sai só filosofia, mas também Poesia!

E porque o fundo do copo - e o fundo do poço - são fonte inesgotável da angústia que me consome, me corrói e que eu vomito em poemas.

- Entre quatro palavras
http://entrequatropalavras.blogspot.com
O espaço aberto para a luxúria da Boneca de Luxo.
Porque sexo não se faz só entre quatro paredes, se faz em palavras.

- E pra Boneca ficam os desabafos em prosa a partir de agora.

domingo, setembro 28, 2008

(chico buarque)

"Quem sou eu para falar de amor
Se o amor me consumiu até a espinha
Dos meus beijos que falar
Dos desejos de queimar
E dos beijos que apagaram os desejos que eu tinha

Quem sou eu para falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim

Homens, eu nem fiz a soma
De quantos rolaram no meu camarim
Bocas chegavam a Roma passando por mim
Ela de braços abertos
Fazendo promessas
Meus deuses, enfim!
Eles gozando depressa
E cheirando a gim
Eles querendo na hora
Por dentro, por fora
Por cima e por trás
Juro por Deus, de pés juntos
Que nunca mais"

terça-feira, setembro 23, 2008

Poema medíocre

Eu estou com vontade
de me reescrever inteira.
Reinscrever-me
num molde de areia
pra esperar o mar
vir desfazer.

Remoldar tudo.
Reviver tudo.
E me entrego à pena,
a duras penas
- a trocadilhos infames -,
mas não sai nada.

Tudo o que eu digo
parece piada.
O que escrevo
me soa desejo
de ficar deitada na pedra
esperando
a Vida vir e me dar
de presente
uma nova personagem.

Mas todas as que me vêm
parecem já antes forjadas
ou desbotadas.

Toda minha poesia
de repente
me soa forçada.
Meu caderno
parece vitrine,
minha vitrine,
um caderno guardado.

Até minha psedo-meta-poesia
sobre a vontade de ser
se foi sem final -
me deixou vazia.

Hoje eu não sou é nada.

A razão das coisas (depois de três anos) ou Homônimo

Eu sou uma boneca.

De plástico como as que parecem um bebê carente de mil cuidados. Fácil e boa de brincar. Portátil, companhia ideal para levar por aí. Dessas que já vêm com um sorriso no rosto para agradecer os mimos.

De pano macio. Feita por mãe, avó ou comprada numa loja bem aconchegante. Dessas que você não usa para brincar, que passam o dia inteiro na cama esperando por você, e você vem por saber nela um abraço de carinho morno.

De porcelana fina. Para exibir na estante. Dessas em que quase não se toca, pois, mesmo se tocada, permanece impassível, linda, vívida e indiferente. Dessas que se guarda numa caixa às vezes, feito um tesouro, para proteger do tempo e da poeira; e só abre em segredo, sozinho, para ficar admirando.

Eletrônica, birrenta, de frases poucas e ensaiadas. Dessas que na propaganda parecem irresistíveis, no entanto, rapidamente denunciam sua artificialidade. Por isso você torce para que lhe acabe logo a bateria, ou quebra de propósito como pretexto para deixá-la de lado.

De papel. Desenhada em cada detalhe segundo a sua vontade. Contudo, é a que mais rápido rasga, envelhece, amarela, amassa e vai pro lixo. A vantagem é ser facilmente substituída e também reciclável.

Do tipo Barbie, que insiste em dizer-se adulta, até veste-se como, apesar de comportar-se quase sempre como pré-adolescente.

Do tipo Polly: pequena, meiga, macia de um jeito que dá vontade de brincar pra sempre. Entretando, seus infindáveis acessórios e detalhes são trabalhosos, perdem-se fácil - e sem eles a brincadeira não tem a menor graça.

Eu sou uma bonequinha de palitinho, isso é irrefutável.

Sou uma manequim nua na vitrine vazia da loja fechada.

Se apaixonada, me transformo numa boneca de ventríloco.

Sou uma marionete caída no chão com as cordas cortadas na hora em que o amor acaba.

Eu sou uma boneca russa que se abre - uma a uma - e se revela em várias.

Eu sou um fantoche, quase uma luva, que se pode dominar nas mãos e pôr uma voz desencontrada.

Sou a bailarina dançante que se esconde na caixinha de música.

Uma boneca inflável, com a qual se faz sexo sem nem olhar na cara.

Eu sou uma boneca automática, com a pilha fraca e as funções trocadas. Fui costurada à mão, fabricada em série, esculpida em madeira.

Me cortei o cabelo embolado de nylon, arranquei as pernas, passei tinta a óleo como maquiagem na cara.

Eu sou uma boneca com as mãos mastigadas, a roupa trocada, um pé de sapato perdido.

Uma boneca velha, rabiscada, do aniversário do ano passado.

Eu tinha um manual que algum dono afoito por brincar jogou fora sem ler.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Carta pública a um fim sem começo

"E se falasses magia, sonho e fantasia
E se falasses encanto, quebranto e condão
Feitiço, transe-viagem, alucinação
Não te enganarias"
(Bandoleiro, Ney Matogrosso)

(Ou nome próprio das coisas imperdoáveis)

Após tempos e tempos, enfim, voltando a conviver comigo. De certa forma, de bem com minhas esquizofrenias, com minhas múltiplas máscaras e faces - e até mesmo com minha artificialidade e as situações com as quais eu continuo sem ter dedos para lidar, sem saber onde ponho as mãos chamuscadas do que eu mesma incendiei. E até mesmo com a mente que se aprende a ordenar no papel de um jeito (quase) inteligível.

É isso mesmo: até com as minhas guerras e com os meus fracassos eu, enfim, me conciliei. Desculpa se eu te magoei, é que eu tranquei mesmo as portas dessa vez. E sei, dessa vez, exatamente de que lado cada coisa fica. A isso a gente dá os nomes que quiser - eu liberdade, você medo. O importante é que cada um no seu dicionário e não diga que eu não avisei.

É que eu aprendi a até no meu suicídio preservar uma parte de mim. E por isso saio sempre, ao menos em parte, ilesa. Desculpe dizer sem rodeio. Calar sem rodeio. Desculpe até mesmo rodear tanto para não dizer nada: é que eu não tenho nada mesmo para dizer.



*Editado em 19 de outubro de 2012.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Sob o signo de Afrodite

O amor é mesmo uma espécie de sacerdócio,
um ritual de falas ensaiadas,
um palco de luz apagada.
O amor é mesmo o que se espera
de um abraço quente no frio,
de um olhar blasé de carinho óbvio.
O amor é mesmo um acaso qualquer.
O amor é mesmo uma dicotomia.
O amor é mesmo impossível a dois
(às vezes melhor a três).
Um jeito qualquer de engolir sem degustar
a santidade.
Um jeito qualquer de denunciar no toque
uma necessidade precisa,
uma vontade ambígua.
O amor é sempre só o primeiro:
os amores são simulacros,
espelhos de um reflexo já desbotado.
O amor é mesmo o corrimão
da escada que a gente desce em saltos,
sem pestanejar.
O amor é um signo.
O amor é um assunto novo e vencido.
O amor é o equilíbrio
entre o que se quer e o que se espera.
O amor é algum tipo de entrega impossível.
O amor é uma instituição falida.
O amor é chato.
O amor acaba.
O amor é uma verruga na memória.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Porque já estava escrito

Eu é que não disperdiço mais minha sinceridade com ninguém. E, doravante, guardo meus orgasmos só pra mim. Na mesma gaveta recôndita que minhas lágrimas. Lágrimas, sinceridades, orgasmos, fraquezas. Todos esses pedaços de alma que eu tenho mania de engolir com vodka pura quando ninguém me vê. Os mesmos pedaços que eu tenho mania de vomitar por aí, ao telefone, quando não bebo o bastante para submergir em mim mesma. Porque dentro da minha umidade eu sou menos frágil. Sozinha eu me prendo menos ao mínimos detalhes.

No fim das contas meu asilo de loucos fica melhor exposto na estante. E a beleza é mesmo ordinária. Eu ao menos... Eu menos.

Na próxima encarnação eu quero nascer forte, mais forte que eu pelo menos. Versão editada de mim. Um dia eu deixo de ser sincera, de ser ingênua, de ser careta, de ser carente, de ser erótica, de ser simples, de ser definitiva, de ser diminutiva e de me pôr na vitrine.

Um dia desses eu me apaço de mim. Amadureço e caio.


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Do dia em que eu compreendi que vermelho e azul são cores complementares. E que habitam em mim, simultaneamente, a freira e a puta. A ousadia e a doçura. A força e a ingenuidade. Do dia em que as borboletas podem revoar o estômago, enquanto lateja a vontade no sexo - e continuar vivendo por vinte e quatro horas.

A freira e a puta encontraram um jeito de conviver conciliadas, ainda que não exatamente em paz.

Me reconheço de repente. Reconheço minhas atitudes e vejo que não é o outro. Sou eu. Meus ímpetos não são reflexos de pré-sentimentos inexplicáveis, meus sentimentos é que são reflexo de meus ímpetos inexplicáveis. E essa descoberta é como a morte de alguma ingenuidade que ainda restava em algum lugar que eu já nem sabia ter; é como perder outra virgindade ou descobrir que minha alma é, não só transcendentalmente ligada ao me corpo, mas é também - e tão somente - minha.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Caso dos dois velhinhos no metrô

Olhou-a. O olhar era triste e azul, quase infantil no meio das rugas brancas na pele rosada, marcas que pareciam dizer mais uma inocência doce do que os pecados e vivências que provavelmente denunciavam. Parecia mesmo uma criança chorosa implorando atenção. De uma doçura gigantesca, apesar de quase imperceptível sob aquela massa corpulenta. E ainda que ela tentasse dissimular a grandeza do homem pedindo ali, silenciosamente, clemência, a pouca distância se via e entendia-se fácil os dois: ela tentando engolir o perdão engasgado na garganta, ele implorando já por tanto tempo aquela absolvição.

A surpresa dos dois era também indisfarçável em meio àquele encontro casual. O estrondo das portas do vagão abrindo por sorte havia abafado o grito de susto que ela também rapidamente engoliu. Alguém que olhasse mais atento veria que desmoronou-se toda no chão ao ser obrigada a reviver num rompante todo aquele sofrimento dado como morto há anos. Pois viu o quanto estava viva sua memória. Do mesmo modo que seu rancor. Não admitiria nunca, mas descobrira também ali o quanto seu corpo ainda estava vivo, morreria afirmando que o palpitar de seu peito era do excesso de coisas que queriam lhe atropelar a garganta e pular em gritos de raiva pela boca. Mas não era. O seu peito explodia era por ver aquele corpo, por sentir-se acarinhada por aqueles olhinhos que, com o passar da idade, como era possível!, só se haviam tornado mais doces. Pensou se o fato daqueles olhos terem ficado ainda mais iluminados não teria alguma coisa a ver com o tamanho do monte de pecados que eles mentiam. Foi a única explicação que encontrou para se confortar e resistir ao ímpeto de dar-lhe junto com a redenção todo o resto de sua vida. Pois foi o que na verdade quis e não disse. Como tantas outras coisas que não disse ao longo dos anos, da distância e do orgulho que a impediram de procurá-lo, de voltar atrás. O orgulho besta, como se diz, que a fez derrubar as colunas de sustento da sua felicidade gritando com uma raiva passada por ódio que ele é quem as fizera ruir com sua traição.

Ao abrirem-se as portas daquele vagão transformou-se em certeza a dúvida-angústia pesando em sua cabeça todo esse tempo: como teria sido se fosse diferente. Todas aquelas tardes que passara imaginando-se ainda ao lado daquele homem, perdoado e satisfeito com ela só, pareceram-lhe o caminho certo que não escolhera. E a raiva que fingia ainda guardar dele tornou-se de si mesma. Como pudera ser tão burra! Altruísta ao ponto de abrir mão de si mesma esperando que longe dela ele se regenerasse, não acreditando no poder do amor – que julgava tão grande e forte – para fazê-lo, feito receita de bolo na fôrma de suas pernas, seu homem. Mas não, deixara o tempo passar, tempo incompetente que não soubera cuidar do seu homem como cuidaria. Tempo que enrugou a maciez de sua fôrma, de modo que agora já não confiava-se capaz de cuidá-lo como ele merecia. Ele, que depois de anos e anos, estava ali – esperando e pedindo. Ele, que diante do susto que provavelmente também experimentara, podendo optar pelo orgulho – e sabendo que se pudesse era o que ela faria – continuara pedindo e esperando.

Nisso já estava parada, em pé, nem muito perto nem muito longe, tentando fingir que não via e, se não funcionasse, que não ligava. Mas era só o pretexto para esperar passar um tempo e tomar um gole grande de coragem que lhe empurrasse todos os impropérios pro estômago e só sobrassem na garganta as verdades tão ansiosas por serem ditas. Ele fez menção de se levantar e, tão rápido quanto pode, ela pensou que, se não lhe saíssem as palavras agora mesmo, o seguiria até o infinito respirando seu ar enquanto a coragem não vinha.

Respirou o mais fundo que pôde, parecendo acreditar que nas profundezas de seu pulmão estariam guardadas as palavras perfeitas e cabíveis. Tentou recuperar alguma parte de seu prumo natural, ajeitou-se com toda dignidade que só os mais velhos conseguem ter. O trem parou. As portas se abriram. Muitas pessoas saíam ao mesmo tempo. Perdeu-o de vista. Desesperou-se vendo esvair-se novamente sua felicidade. Tentava em vão vencer a multidão vigorosa. Vendo-se incapaz, aceitou mais aquela jogada cruel da vida. O vislumbre efêmero de sua felicidade já não doía como antes. Faz tempo havia se acostumado a dor, já não se deixava ferver pelas coisas. Pareceu lógico, apesar de irônico, aquele encontro não passar de um esbarrão no passado. Como encontrar uma foto antiga durante uma faxina. Uma lembrança de quem se foi e já não é mais. Um sonho rápido do que poderia ter sido. Um tropeço qualquer que nos faz voltar a realidade e continuar arrumando a casa. No caso, esperar calmamente a multidão se dissolver e seguir o curso normal de antes. Acostumara-se em sua vida morna a seguir os dias sem pressa, a esperar a morte sem pressa, a viver as coisas uma de cada vez, saboreando cada uma em passos lentos – mais porque aprendera a respeitar a vontade do corpo já cansado do que por ter aprendido a tomar as rédeas de si mesma.

Sua conformidade foi logo dissipada pelo peito inquieto quando, ao chegar ao topo da escada, deparou-se de novo com aquele azul reluzente. Agora tão perto ao ponto de sua alma não ter tempo nem para pensar em fazer o que quer que fosse. Estendeu a mão. O maior gesto de que foi capaz. Gesto esse que dispensava todo orgulho, todas as palavras, todas as conformidades, todo arrependimento, todo o perdão. Gesto que os fazia iguais em culpa e amor. Ela o pedira de volta e ele aceitou. Perceberam-se disso no toque das mãos.

Se algo de bom o tempo havia feito aos dois fora isso: os tornara iguais. Iguais em pecado. Iguais em traição. Iguais em arrependimento. Iguais em solidão. Iguais em sabedoria. Iguais na certeza calma de saber o que queriam. Iguais na firmeza trêmula ao segurarem as mãos. E essa simetria que o fez pedir ingenuamente um naco do tempo dela sem saber que, ao oferecer-lhe a mão, ela lhe havia dado junto todo o resto de seus dias!

quinta-feira, setembro 04, 2008

A outra volta do parafuso (Moska)

Naquele dia senti
Que, finalmente,
Tua máscara ia cair
Definitivamente
Eu estava cansado
De te ouvir mentir
Meu corpo doía de um lado
Minha alma fervia do outro
De novo no mesmo lugar
E eu não queria estar ali
Tenho certeza que tu és o castelo
Onde o meu desejo mora
Mas me machuquei
Quando me aproximei
De tuas paredes de pedra
E tudo que sonhei
Me incomoda agora
Seja qual for o dia
Seja qual for a hora
Antes de pensar em me procurar
Me apague da tua memória
Porque já tranquei as portas
E escondi as chaves
Só não vi de que lado fiquei
De dentro, ou por fora, nem sei
Você me dói agudo e isso é grave,
Grave
Antes de te reencontrar
Sei que preciso voltar
A ser alguém
Alguém que saiba, pelo menos
Tudo aquilo que não quer
Alguém que tente
Atravessar o túnel no final da luz
Pois fiquei cego, surdo e mudo
E agora quero me esquecer de tudo
Pra descobrir em fim o que sobrou de mim
Que ainda me seduz
Se por acaso pensas que
Eu vou me perder por aí
Ainda vou gritar no teu ouvido
Que a vida é um parafuso sem fim
Que a cada volta
Aperta mais
E nunca afrouxa
Para trás
Só então saberás que
Desde o início eu já era assim

Salubridade da alma

“Nessa extravagância, o teatro desenvolve sua verdade que é a de ser ilusão. Coisa que a loucura é, em sentido estrito”. Michel Foucault, em História da Loucura.

A loucura é pois a essência da arte. É o instrumento de que é feita a nossa nova vida imaterial, pseudo-cultural. É da abstração e do mergulho em nossos mais esdrúxulos devaneios que provém o que enaltecemos como genialidade.
O espectro da loucura perpassa a arte há séculos na tentativa de justificá-la. Fico tentada a pensar se a ação não é recíproca: a arte subsiste como meio de justificar a loucura que, apesar de considerada um desvio da normalidade, mostra-se há séculos tão abundante em nossas sociedades; ao passo que a loucura sobrevive como um instrumento do qual a arte é feita, o alimento de que é feita.
O delírio, a imaginação, a inversão e a subversão dos valores morais – entre outros aspectos condenáveis para o bom funcionamento da vida prática – ganham lugar nos palcos, nas páginas literárias, nas telas etc.
Já me ouvi muitas vezes dizendo que escrevo para não enlouquecer. Bobagem. Eu escrevo porque a literatura é o espaço onde posso enlouquecer sem pudor. A dimensão da arte é onde é possível devanear, extravasar minhas alucinações, minhas paranóias, minhas obsessões. Escrevo para viver tranqüilamente minha esquizofrenia. É com as palavras que posso viver minhas muitas vidas que explodem dentro de um corpo só. Nas palavras me cabe bem ora melancolia, ora minhas tolas manias. Escrevo para experimentar meu autismo, minha literatura é meu mundo particular e impenetrável. Escrevo para enlouquecer sozinha e em paz.