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quarta-feira, agosto 09, 2006

Memória Drummoniana

RAIOU - Jorge Vercilo
Eu já nem sei
se ainda tem jeito ou terminou
Na minha vida ela marcou
Marcou, marcou
Tudo que ela me deixou
reinou, reinou
De castigo estou
Quando ele vem
ele desarma um coração
Eu fico zen, eu perco o chão
Raiou, raiou
mas voltar atrás não vou
não vou, não vou
Decidida estou
Só sei tudo que sonhei,nela eu encontrei
Se ela não vem,não haverá ninguém
Eu abro mão de amar e querer bem
Eu sei que o tempo vai sarar
Se ele me deixar,posso acostumar
mas essa luz no olhar ...
Eu abro mão de querer bem e amar
Ela voltou
só pra buscar o que restou
Meu coração se iluminou
Raiou, raiou
quando eu vi o meu amor
Raiou, raiou
Já não sei se vou

Bem, - oudeveria dizer mal - a vida nunca é exatamente como a gente quer e isso já é recomendação inicial da bula de nós mesmos. Piora é quando nós começamos a não ser como queríamos, ou quando somos e ser se torna incabível em nossa vidinha provinciana. Saudade é ruim e isso eu já devia saber há muito tempo. Mas não desse jeito, não longe assim... A vida é reticenciosa e estar distraído é elemento essencial para não se perder, só que perder é uma parte de ter. É quando mais se tem vontade e mais se sabe que já teve. Lembrança é pior e melhor que saudade, às vezes é quase um conforto. Porém, confrontos são doloridos e deixam marcas piores do que essas que por aqui já vão sumindo. Estou só como sempre fui. Tenho essa alegria superficial necessária ao convívio social. Mas trago agora também uma inevitável sinceridade resultante dos sofrimentos da vida. Traduzindo: Não pergunta não que é bem capaz de eu responder. Fiz isso hoje. Lágrimas vãs não valem de nada e se preservar um pouco é necessário. Ninguém é forte o tempo todo, mas há quem não o seja em momento algum. Estou precisando de gente, de vida. Precisava de um riso sincero também. MAs o mundo não é sincero, só eu sou e ninguém = ninguém. Seria bom não me escutar, pois estou gritando aqui. Gritando meu silêncio particular. Não sei se dói mais perder perto pra sempre passageiro ou perder longe infinito definitivo quem se ama. Amor vale a pena, mas só enquanto não é passado. Depois fica roxo, verde, escuro até cicatrizar por fora. Mas tem coisas que dentro teimam em não apagar. Agora é a própria menina que paga pelos erros que não cometeu.