Despercebido e
inesperado, ele chega. Precisaria de outro nome para descrever, porque nunca é
igual e até o novo nome ele traz. Não poderia não amar o que já é sinônimo de
amor. Ah, poderia... É claro que poderia porque assim é que é a liberdade, mas
ao mesmo tempo não é uma escolha. Ao menos não consciente. O corpo escolheu e
eu o culpo com os dois mil anos de cristianismo negado que também me fazem
separar de mim a carne e a pele com as quais convivo.
Não há separação,
classificação. Há o amor. Que quando dito não diferencia o verbo que prova que
existe da exclamação surpresa por sua existência. Amor de pica, amor de corpo,
amor de gozo, de trilha sonora, de palavra. Amor simplesmente. Amor de copos de
cerveja, de histórias repetidas. Amor sem pretexto. Amor que ousa assumir as
vontades. Amor birrento, mimado e infantil. Amor-fruta-mordida-e-tranquilidade.
Amor que se acha definido em poesias e canções, e que ao mesmo tempo se sabe
indefinível. Amor que deixa o verão pra mais tarde. Amor que acaba antes das
onze, que morre de saudade, mas que sabe esperar o dia seguinte. Amor que
respeita quando não é dia. Amor que investiga milímetros de corpo mais do que
detalhes da rotina. Amor que vive e não pede desculpas por amar. Amor que acorda
e se esconde no cheiro do pescoço. Aliás, deve ser esse o único detalhe
repetido. Não importa quanto o amor mude, ele sempre se esconde na curva do
pescoço com ombro, ali onde o cheiro de nenhuma pessoa é igual ao de outra.
Amor que testa essa teoria.
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