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quarta-feira, novembro 24, 2010

Teatro dos Vampiros

Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...

Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
Sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...

Vamos sair!
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão, procurando emprego...

Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...

Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...

Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...

Quando me vi
Tendo de viver
Comigo apenas
E com o mundo
Você me veio
Como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito...

Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo
E não consegui dormir...

Vamos sair!
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão, procurando emprego...

Voltamos a viver
Como a dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...

Vamos lá, tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...

Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém...

As dores meio físicas e o tempo meio roto. As palavras se perderam em algum acontecimento perdido. A boneca caiu do salto, manchou as roupas e acostumou-se a manter uma cerveja na mão enquanto assiste aos jogos de futebol. Sempre precisei de um pouco de atenção. Acho que eu não sei quem sou. Só sei do que não gosto. Nesses dias tão estranhos...

domingo, novembro 07, 2010

De quem não conseguiu de explicar para si mesma:


Eu ainda não chorei tudo o que eu tinha para chorar. Ainda não olhei fundo nos olhos tudo o que eu tinha para olhar. Não bati a porta com a força exata que eu queria e você não entende porque não sabe o quanto mágoa é uma dor que me consome. Não sabe o rancor que fica por trás das minhas frases banais.


E toda parte mal resolvida da gente (quer dizer, de mim, porque das outras pessoas eu não tenho como saber) fica assim, vai ficando por dentro, vão passando os dias, a gente vive como se não fosse nada, mas quando não tem ninguém olhando, é nisso que a gente pensa.


A raiva vai passar e o botão do viver-automático e com cara de tudo-bem vai ficar aceso de novo. Mas agora eu preciso chorar. Agora eu preciso fazer birra em vez do que precisa ser feito. Eu só queria não ser imbecil a ponto de piorar mais as coisas. Queria ser capaz de impedir que o problema de eu não conseguir fazer o que eu gostaria de fazer num determinado momento me impedisse de fazer o que eu gostaria de fazer nos outros momentos em que eu não estou impedida em vez de perder tempo ficando emburrada pelo momento anterior, entendeu?


Eu também não. Então deixa pra lá. Vou estudar que é o melhor que eu faço.

Contas incontáveis

É sempre quando deveria mil coisas. Não tem jeito, se não parar e colocar para fora, aquilo tudo vai explodir dentro de você. Todo esse veneno vai corroer sua entranhas de um jeito que não terá valido a pena de forma alguma. É assim quando a gente tem um problema com o tempo: não tem como parar tudo e resolver, mas enquanto a gente não pára e resolve, aquilo fica remoendo e a gente não consegue fazer nada. Aprendi hoje que escrever na pessoa média é tentar fingir que não se está sozinho. A primeira pessoa pode ser mortal.


Acontece que eu não estou sozinha mesmo quando um veneno que bebi já há dois dias ameaça a me corroer por dentro. Algo ameaça explodir e a gente vai vivendo. O problema de ir vivendo é que eu nunca soube fazer algo sem vontade. Para mim sempre foi aprender a gostar ou deixar de lado. Só que desaprender a gostar de algo de que dependo põe abaixo toda a fórmula – nem a do dedo na garganta tá dando conta.


Aliás, o problema é mesmo e sempre a conta. Aquela que vence amanhã e ainda não está paga. Aquela venceu há sei lá quantos dias e aquela que nem quero saber quando vai vencer. A corrente que ainda está aberta e não devia. A de variação zero um que andou emagrecendo. Mas a pior mesmo é aquela que se perdeu e já não se paga. O problema é que eu nunca tive vocação para ser a última a sair.


Dorme, amor, nos meus braços como se eu fosse o primeiro.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Ciclos de transição

Tá certo que na teoria eu estava estudando, mas fiquei bastante surpreendida quando me dei conta de que ontem fiquei um bom tempo conectada e nem por um momento me lembrei de que tenho um blog - aliás, vários... Soou como mais um baque no meu diagnóstico de abstinência literária, ou na minha alma ressecada.

As rugas que ainda são invisíveis aos olhos se deixam mostrar despudoradas nos meus silêncios gráficos. Digo isto porque em paralelo à minha incomunicabilidade escrita, percebi que tenho aprendido a conversar. (E sem terapia! clap clap). A opção constante pelo assunto cíclico textual é um indício de que estou aprendendo a falar o que sinto. Encontrei alguns caminhos no que antes eram trilhas apagadas no meio da floresta densa e escura.

A tal da maturidade abriu um clarão onde antes só haviam metáforas, as quais nem desapareceram por completo, como vocês podem ver. Há menos floreios e uma certa possibilidade de enxergar coisas antes embaçadas pela paisagem densa. Algum obstáculo que embotava a ação foi (cor)rompido e agora há em seu lugar o vislumbre, ainda que longínquo, de horizontes cujo descampado desperta essa vontade de decorar a alma que ficou um pouco ressequida pelo vento forte.
A ventania passou e é hora de aproveitar o terreno vazio. Além do que, como todos os anos acontece, as tardes de sol a pino já entram pela minha janela (essa sim diferente) e deixam um involuntário melhor-sorriso no meu rosto.