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sábado, julho 07, 2007

Tô sempre escrevendo cartas que eu nunca vou mandar
Tô sempre ensaiando coisas que eu nunca vou falar
Amores secretos, revistas semanais, deputados federais...
A vida é uma viagem - passagem só de ida
Há quem diga que não vale, há quem mate pra viver
Não perder a razão pra ganhar a vida nem perder a vida pra ganhar o pão
Segredos secretos
As coisas mudam de nome mas continuam sendo o que sempre serão
Às vezes tudo muda e continua tudo no mesmo lugar
O que eu faria no seu lugar, se tivesse pra onde ir e não tivesse que esperar
Às vezes não entendo o que quero dizer qnd fico calada.
Os dispostos...
Cada dia-a-dia a sobreviver
o caminho é um só.

sexta-feira, junho 22, 2007

Simetria ("eternidades da semana")

Também não há como fazer mal
o simples fato de não ser igual:
às vezes o amor amorna,
parece apenas normal.
Não que esfrie, mas
o sangue morno passa mais fácil pela garganta.
Não é porque ganha entorno
que o amor deixa de ser eterno;
pode parecer sangue-frio
o amor-mór ficar normal,
fica leve de levar
e talvez só menos desigual.
Não faz mal o amor-mór
não fazer mal.

Se só deixa de ser metade
(Atinge a meta?)
Se deixa de ser tão inteiro
(Fica mais intenso?)
Se fica mais inteiro
(E menos tenso?)

[Nós ficamos mais inteiros
quando não somos Nós
Nós ficamos mais intensos
quando somos só nós mesmos
- nós só somos Nós quando estamos sós]

NÃO SE MORRE MAIS DE AMOR!
- Porque a partir de agora
não há mais ressurreição -

O amor-mór
nunca se quis eterno.
Morre o amor,
ficam os sentimentos ternos.
O amor-mór
nunca pretendeu herdeiros.
Amputam uma metade,
deixam antigos meios.
Puta com as pretensas perfeições
prorrogadas do pretérito,
até as feições mudam
diante dos mesmos fatos.
Fetos de um velho sonho,
viga do amor de aço!
Diante do amor-mór,
eu me nego e me amordaço.

segunda-feira, junho 18, 2007

Há mistério em quase tudo...

O que não tem explicação, ninguém precisa explicar.
E as coisas findas?
E as coisas findas?
E as coisas findas?
Eu sei das infinitas,
que fincam
e ficarão.
Talvez a eternidade exista.

quinta-feira, junho 07, 2007

Não sei não...

Uma vez, há alguns anos, alguém me disse pra ter cuidado e não perder. Mas acho que foi inevitável. Excesso de vida talvez. Sabino já disse, dizendo o que um outro que eu nem lembro havia dito, pra escrever é preciso abdicar da vida. E eu prefiro pensar assim. Não é falta de talento, vontade ou o que quer que seja, apenas excesso de vida. Só uma escolha a mais movendo as engrenagens inúmeras que constroem o destino. Às vezes eu paro pra pensar e não me arrependo das escolhas que eu fiz pelo caminho. "Mínimas vírgulas de uma vida enorme"!
"O mundo é bão, Sebastião"!


...e meu também...

terça-feira, maio 08, 2007

Escuridão
noite liquefeita
tudo toma forma
do corpo que se deita
na escuridão

escuridão
nenhum olhar aceita
tudo se transforma
numa cama desfeita
na escuridão

escuridão
hora da colheita
pra quem semeou vento
numa cama desfeita
na escuridão
um corpo que se deita
um corpo em tempestade
agora já é tarde

solidão
hora da colheita
pra quem semeou o vento
num corpo que se deita
na solidão
de uma cama desfeita
um corpo em tempestade
agora já é tarde

no inverno fica tarde + cedo
só depois de perder você descobre que era um jogo
um jogo que não acaba nunca, nunca acaba empatado
se foi um jogo, você ganhou: eu perdi a direção
se foi um sonho, se foi o céu, eu não sei
eu que não sei perder, perdi o sono
na escuridão, na escuridão
só depois de perder você descobre que era um jogo
um jogo que não acaba nunca, nunca acaba empatado
se foi um jogo, você ganhou: eu perdi a direção
se foi um sonho, se foi o céu, eu não sei
eu que não sei perder, perdi o medo
da escuridão, da escuridão

segunda-feira, abril 02, 2007

Se pudesse tornava a minha vida um poema curto
pra alguém ler e chamar de chato
Amassar, tacar num saco
ou enrolar bem fininho
e fumar devagar sob a aurora ou ocaso
Ou esmigalhava em mil milhões de átomos de vida
Punha numa garrafa de uísque vazia
Entornava pra dentro
e de cara lavada
- mas nem tão limpa -
encarava sem poder mutar
o vivo irreversível lá de fora.

sábado, março 24, 2007

3x4

Composição: Humberto Gessinger

Diga a verdade ao menos uma vez na vida
Você se apaixonou pelos meus erros
Não fique pela metade
Vá em frente, minha amiga
Destrua a razão desse beco sem saída

Diga a verdade
Ponha o dedo na ferida
Você se apaixonou pelos meus erros
Eu perdi as chaves
Mas que cabeça a minha!
Agora vai ter que ser para toda a vida

Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer

O que não dá pra evitar
E não se pode escolher

Se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele o teu desenho
Feitos um pro outro... feitos pra durar
Uma luz que não produz
Sombra

Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer

O que não dá pra evitar
E não se pode esconder

Nuvem

Composição: (Humberto Gessinger)

Se está com ele está sozinha
e sozinha não quer mais ficar
se está com ele é porque quer
porque não quer mudar

Diga adeus
diga adeus ou não diga nada
diga adeus

se está chegando o fim da linha
'tá na hora de saltar
se está com ele está sozinha
e sozinha não quer mais ficar

diga adeus
diga adeus ou não diga nada
diga adeus

não vá perder a hora certa com a pessoa errada
diga adeus, !adeus!


a vida não pode ser um contagotas na tua mão

chuva que não chove...sol que não sai
a vida não pode ser medida com precisão
motor que não se move...nuvem que não se vai

se está com ele está sozinha
e sozinha não quer mais ficar
se está chegando o fim da linha
'tá na hora de saltar

não vá perder a vida inteira com a pessoa errada
diga adeus, diga adeus

vai chover, vai secar, serão águas passadas
diga adeus, !adeus!

domingo, fevereiro 18, 2007

Ando precisando de amigos. Estou carente, ando down, à flor da pele e às vezes esqueço como sempre fui passional. Minha vida não me cabe e ao mesmo tempo sobra muito espaço. Minha casa me engole e me sufoca. Minha garganta tem um nó que de jeito algum desata. Numa palavra: triste.
Mas eu conheço tantas palavras que não sei usar e outras tantas que não conheço. Tem dias que acordo e quero me jogar no lixo. Noutros só quero saber quem sou e de onde vim. Tenho medos e solidões. Tenho desejos e coragem.
Tem dias que acordo e acho que não vale a pena. Já mostrou que não vale. Mas quando vou dormir sempre ardo em desejo. Eu quase nunca entendo - quando estou sozinha - esse vórtice no meu peito. Nunca sei se estou mesmo só ou se posso contar com alguém. Tenho muito o que dizer e niguém para ouvir. Me doem alguns passados. Algumas pessoas, apesar das mágoas, fazem falta. Outras fazem pela distância. E fico achando, só pq não as tenho, que elas seriam as únicas que poderiam compreender. Mas no fundo eu sei que ninguém mesmo entenderia. Porque eu não sei dizer.
Eu me sinto. E longe não sei até onde poderia ir. Sozinha eu não garanto, não sei ficar.
Já tentei desatar os nós, mas meu peito não deixa, acostumou-se a eles. Frouxos e indesatáveis. Angustiantes. Acho que não sei mais ser desse jeito. Às vezes eu acordo assustada e vejo que não tem mesmo nada a ver. Já perdi tudo o que tinha pra perder. E o que eu tenho parece pouco, sempre parece quando vou dormir.
É vc que sempre aparece quando eu penso que já consigo fugir.
Não sei.

Bloco do eu sozinho

É Carnaval... As ruas sabem, vazias de gente, repletas de folia. Fuligem nos olhos de vento no rosto, sol também. Uma angústia gritante no peito. Vontade de gritar gritos de desespero invés dos confetes. Batidas no ouvido. Abram alas que eu não guardei nada pro Carnaval. Não pintei o rosto, não ficou nem um resto, não me vesti de cinza. Passou. Não vi tequila nem vinho. Não tem cor alguma na minha avenida.
Os rios de asfalto não me levam a lugar nenhum. Os mosaicos coloridos da caixa-preta não me ferem nem m falam. A cidade anda calada entre uma e outra marcha. Pinta-se de bolas, confete, serpentina. Põe chapéus coloridos na cabeça vazia. Canta, dança, pula, gira, encanta. eu quieta. Esquecida n'alguma cidade submersa que o meu carnaval não é esse. É mais longe. Meus blocos montam casas, contam outras estórias. Passam alas, muitas casas, avenidas. Reflito no espelho uma tez desconexa, fora de contexto. Sento-me quieta com meus livros, jornais e cadernos - cantando marchas, sambas, marchinhas. E vamos todos na solidão de dia do Rio seco e vazio de gente. Enlouqueço qualquer dia.

sábado, fevereiro 10, 2007

"Sempre que eu preciso me desconectar
Todos os caminhos levam ao mesmo lugar,
É meu esconderijo, o meu altar,
Quando todo mundo quer me crucificar.
Eu só quero estar com você...
Ficar com você.
Quando o tempo fecha e o céu quer desabar,
Perto do limite, difícil de agüentar,
Eu volto pra casa e te peço pra ficar...
Em silêncio... só ficar...
Eu tenho muitos amigos, tenho discos e livros,
Mas quando eu mais preciso... eu só tenho você.
Tenho sorte e juízo, cartão de crédito e um imenso disco rígido,
Mas quando eu mais preciso... eu só tenho você.
Quando eu mais preciso... ...eu só tenho você.
Tenho a consciência em paz. (só tenho você)
Tenho mais do que eu preciso. (só tenho você)
Mas, se eu preciso de paz, eu só tenho você.
Tenho muito mais dúvidas do que certezas.
Hoje, com certeza, eu só tenho você.
Eu tenho medo de cobras,
Já tive medo do escuro...
Tenho medo de te perder. "

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Os meus/Prece

Não perdi ainda o chão
nem tampouco a esperança
Aprendi desde criança
a chorar pra ver se vem
E juro, chorando comovo até deus
Mesmo não sendo mais neném
Sem saber mais dizer amém
De pé, manhazinha no trem
Eu chamo por deus
e juro! ele vem
Não é pq já me achei no lixo
Amei um e outro vício
Que não posso pedir com beicinho
Pode ver, ele cede aos meus caprichos
Já derrubei foi lágrima
Reguei por demais o chão
E quantas vezes de cara lavada
já o vi estender-me a mão
Ele se faz de surdo
e brinca comigo no carnaval
Depois briga comigo
mas traz sempre presente no natal
Não me pede reza
mas no centro da mesa
um brinde ele não despreza
É porque eu sou bem moça
É porque eu to de fossa
e msmo assim faço festa
Toco cá minha bossa
e não há quem comigo possa
Ninguém mais comigo enfeza
Porque eu não sou só eu
Se pisar no meu calo
Se tentar cobrar mais caro
Se der mais de um disparo
Se tocar no meu cigarro
ou pedir mais de um trago
Se bater no meu carro
Ou não pagar o emprestado
ó, que eu abro o berreiro
Posso não ter tanto jeito
Mas comovo até deus
É pq eu sou bem moça
é pq to de fossa
e msm assim faço festa
toco cá minha bossa
e não há quem comigo possa
nem mesmo deus
perdoa, senhor
esqueci de dizer:
é que eu sou ateu.

"Uma palavra sem significado"

Hoje já pouco importa
o que tranca a porta
ou quem bate nela.
Cansei de esmurrar as pontas
de facas e cigarros,
pois quando vc me aperta
não penso em estar alerta.
E pouco me fodo
pra porta aberta.
Não me interessa mais ouvir
seus discursos e juras,
tampouco a canção no rádio.
Mesmo esmurrando e surrando
qualquer letra que me apareça
fico cá pensando
no quanto não sou mais a mesma...
É só o amor, meu amor;
o pré-amor, o pós-amor.
O amor desarmado, desalmado.
Acho que eu tava procurando um céu
e não vi que eram só paredes azuis.
Depois dos sonhos,
os sonhos ficaram
e os meus escombros se remoldaram.
Os planos foram surgindo
inevitáveis
com o passar dos anos.

Mas, vez ou outra,
numa gota de surto psicótico,
eu vejo quase a contragosto
a canção ainda linda
as juras meio foices
e cada vez mais doces.
O aperto na pele e no peito,
sempre um deleite louco
e sem nenhum receio.
E nossa porta aberta
com desleixo trancada.