Páginas

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Um fim de ano de balanços e rumos antigos retomados

Entra pela porta da frente
Mas pula para o banco de trás
Abre a janela contente
Pra ver o sol fervendo no ar
E depois que o olhou
Fica sem falar
Escolhe o esmalte meticulosamente
Por ver razões na cor, que irão se explicar
Pra tudo funcionar simplesmente
Como gesto espontâneo, invulgar
E depois da cor
O que virá?
Se o mundo combinar felicidade e tristeza
Dentro do mesmo time
Lugar que não se vá
É o que há pra duvidar
Se é só isso que existe
Vai confirmar o olho que olhou
Ou esperar o sonho
Que ninguém sonhou
Onde você que chegar
Espalha graça ao pleno presente
E mesmo ausente é doce sua falta
Espelho é o mar, o lago, meus dentes
Com um beijo posso ver sua alma
E depois que eu vou
Não vou voltar.
Enorme o seu lugar, quase o vento
Mas é dentro de mim mesmo que cabe
Não há vogais a mais no silêncio
Que morre se faltar a palavra
E depois falou:- preciso mais!

--------------------------------------

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
P'ra mudar a minha vida
Vem vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas

-----------------------------------------
Tenho medo do tempo que não pára e nem volta, mas é sempre cheio de ironias que nos confundem o tempo todo. Um brinde à vida, Bonne Anée pour tous les gens!

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Desabafo de uma Florzinha amarela que caiu no chão


Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão
Mas eu falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de bolero
Eu fui sincero
Como não se pode ser
Um erro assim tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E, quando acaba a bebedeira,
Ele consegue nos achar
Num bar
Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro,
E uma cara embriagada no espelho do banheiro
Teus lábios são labirintos,
Que atraem os meus instintos mais sacanas
Teu olhar sempre distante sempre me engana
Eu entro sempre na tua dança de cigana
Eu que falei: "nem pensar..."
Agora me arrependo, roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão
Mas eu falei sem pensar
Coração na mão, como refrão de bolero
Eu fui sincero,
Eu fui Sincero
Teus lábios são labirintos
Que atraem os meus instintos mais sacanas
Teu olhar sempre me engana
É o fim do mundo todo dia da semana

-----------------------------

Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação,
Beijos sem paixão, crimes sem castigo, aperto de mãos
Apenas bons amigos...
Pra ser sincero eu não espero que você minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos
Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação
Beijos sem paixão, crimes sem castigo,
Aperto de mãos, apenas bons amigos...
Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo
Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação
Um dia desses num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero... prazer em vê-la
Até mais...
Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Lerolero de sentir sem algumas partes...(Putz, q porra eh essa?)

Sem nenhuma vontade de postar, vou tentar escrever um texto inteiro sem nenhuma palavra com acento - e eu nem sei se escreve assim. Parece que vai ser complicado. Ando meio com flores na pele, e mais umas mordidas gigantescas de mosquito. Deveria estar estudando o mosquito nesse exato momento, mas um diferente do tal que me deixou marcas, eu espero. Bem, ando sentindo coisas, provando coisas, partes de meu corpo doem. Ando me doendo muito. Acordando cedo. Ando indo quando fica complicado para voltar e depois ainda levanto pra mais. Coisas e coisas me faltam, coisas e coisas que nem poderiam faltar. Vi gentes contando piadas alegremente e acho que a culpa foi da tv. A professora chorou. Sujeito - a professora. Predicado - chorou. Chorar - verbo intransitivo. Depois? A turma quis ir junto. Quis saber e alguns podiam chorar com ela. Eu tenho um pato de borracha. Gosto de ver gente feliz. Frases toscas e piegas. Adoro a palavra piegas. Odeio celular. Odeio ter comprado um. Lugares. O Rio de Janeiro inteiro pra mim. Cansada com minhas meias 3\4, chorando baixo pelos cantos, por ser uma menina... Era apenas uma menina e eu pagando pelos erros que eu nem sei se eu cometi. Mas fique certa de que na volta ainda vou estar aqui. Sem saber direito como. Com a mesma cara de sono. Os olhos expressivos, os dedos frios e todo o resto. Na boca um copo se der. No peito coisas dessas que nunca podemos dizer. Prometa... Fica alguma coisa por mais que a gente tente negar. Apaguei alguns escritos de mim. Sei apenas ser eu e estou tentando aprender os maises. Sinases. Sinapses. E o que falta? poucos dias e se vai um ano. Tanta coisa...
(Consegui!)

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Um relato qualquer e meio perdido

Todas as minhas histórias são só começos de uma vida desesperada, só que sem exageros. Gosto de acreditar que existem vírgulas e que nós nunca sabemos colocá-las nos lugares certos. Nunca sabemos viver as experiências do jeito certo, no momento certo. Mas apesar da nossa inexperiência, adquirimos experiências. Estamos sempre aprendendo coisas extremamente úteis para o nosso presente, mas que, infelizmente, já terão perdido a utilidade quando aprendermos.
Um dia me disseram que viver não era crime, que anseios não eram pecados. Um dia me convenceram de que desejo era uma palavra bonita. Disseram-me assim: “Vamos brincar um pouco.” Eu fechei os olhos, joguei fora os medos e perdi o controle. “Vamos fazer um filme” – disseram-me. E de close em close, eu fui perdendo a pose e até sorri feliz, como um dia já disseram. Descobri que a vida é desesperada e, valendo a pena ou não, o que está feito está feito.
Sozinha me descobri pertencente a uma geração que inevitavelmente irá morrer de câncer, então, é preciso mergulhar mais nos prazeres. Aprendi que não dá pra lutar contra o inevitável e que ficar triste por muito tempo não faz poetas, faz gente resmungona e amargurada. Estou tentando ser sincera sem falar demais. Sei que é bom falar o que sente, mas às vezes esperar muda os sentimentos. Me disseram também – mas isso eu ainda não sei – que o tempo é remédio. Só que ele passa tão rápido, leva tanta coisa.
Aos poucos, eu fui criando lembranças só minhas, fazendo meu jeito de ter sempre as pessoas. Fiz uma caixa onde eu me guardo em relíquias sem valor. Vi que valor a gente é que faz e muda. Eu vi que amigos tentam ajudar com seus valores e fazem o que acham que é melhor para nós, e que família depois de um tempo desiste e passa a nos aceitar. Aprendi que culpa pode virar muitas outras coisas e que os fatos crescem e a gente perde o controle da vida.
Eu não sei onde comecei nem onde vou terminar. Um dia eu percebi que estaria sempre no meio. E é bom começar coisas e sonhar coisas mesmo sabendo que sonhos mudam e que não dá tempo de terminar tudo. É bom imaginar mil rumos que poderíamos ter tomado e melhor ainda saber que é impossível saber o rumo que tomaremos. Aprendi que rotina faz falta. Pessoas fazem falta. Objetos fazem falta. Lugares fazem falta. E é tudo saudade irreversível.
Há pessoas que nos deixam felizes apenas por existirem.
A gente ganha e perde o tempo todo, mas a vida não é um jogo. Aprendi que rituais são divertidos e acalmam, religiões sufocam e enlouquecem. Tomar banho é uma das melhores coisas do mundo. Jogos de sedução só valem a pena quando são sinceros. Batalhar por espaço na vida de uma pessoa é angustiante. Ter um espaço na vida de outra pessoa é maravilhoso.
Aprendi que vida não tem moeda. As coisas e pessoas não têm preço. E se nada tem preço, também não existem dívidas e, menos ainda, cobranças. Cobrar é cruel e ser cobrado é ruim. As pessoas têm um espaço que intimidade alguma invade. Desacreditei em fidelidade. Aprendi com uma pessoa muito especial que devemos fazer o que queremos fazer. Devemos aproveitar as chances. Devemos correr atrás dos nossos desejos. Porque desejo é uma palavra linda! E que amor pensa antes no outro, sem deixar de pensar em si, mas levando em consideração a felicidade de ambos. Pois tudo tem dois ou mais lados.
Sei que amor surge com o tempo e vai embora com o tempo. Mas eu não conheço o tempo. Sei que quando se diz: “eu te amo” tem que ser sincero. Não precisa ser recíproco porque amor é egoísta. Mas amor existe. E se não existisse nada valeria a pena e tudo estaria apenas feito. Mas cada amor é de um jeito e cada pessoa acha que seu amor é o verdadeiro. Verdades vêm de muitos lugares. Aprendi que o melhor é amar agora e bem fundo. Estar preparado para tudo. Querer até a raiz do cabelo. Perder até a última lágrima. Esquecer o mundo e suas verdades e suas concepções de amor. Porque amor é dessas coisas que não deviam ser comentadas, discutidas e formatadas. Amor foi feito pra viver e só. Só que é bem melhor se não for só.
Aprendi que chorar faz parte e chorar sempre é drama. Toda intensidade merece uma dose de equilíbrio. Sorrisos e lágrimas têm sua magia.
No fundo todos vivem papéis e representam mil coisas. Só que existem mentiras sinceras. Todos desejamos uma cena pra protagonizar e nem sempre nos basta que a cena pertença só à nossa vida. Queremos sempre muito. Nem sempre temos muito. Nem sempre temos o que queremos. Todos somos muitos. È difícil ser um personagem só. É difícil escolher um caminho só na vida. Correr atrás de desejos é bom. Arrepender-se do que se fez é melhor do que se arrepender do que não fez, pois a vida nos dá álibis. Pessoas nos decepcionam por muitas coisas. Pessoas erram. Decepção é comum e inevitável.
A vida dá voltas que nem sonhamos. Grandes dramas sempre começam com cenas banais que desencadeiam um lindo romance. Mas a vida real não é um livro. Não é um romance. Não é um teatro. As pessoas não são atores. São reais. São imprevisíveis. Sempre. As pessoas são contraditórias e incoerentes. As pessoas são inverossímeis.
Ler é mágico. Sentir é mágico. Vento no rosto é mágico. Beijo na boca é mágico. Sol de fim de tarde aquecendo a pele é mágico. Cerveja gelada no bar com amigos é mágico. Uma boa conversa é mágica. Horizonte é mágico. Nuvem de algodão é mágico. Silêncio cheio de compreensão é mágico. Mudar de humor por causa de uma pessoa é mágico. Fazer outra pessoa mudar de humor é mágico. Sorrir é mágico. Olhar pra baixo de um lugar bem alto é mágico. Ouvir música é mágico. Não ter medo é mágico. Choro compulsivo é mágico. Sorriso sincero é mágico. Andar com o pé na água é mágico. Tomar sorvete na chuva é mágico. Dormir profundamente é mágico. Acordar tarde é mágico. Acordar cedo e de bom humor é mágico. Abraço é mágico. Ter lembranças boas é mágico. Ficar horas sozinho, pensando, é mágico. Ficar horas acompanhado, conversando, é mágico. Ser sincero com alguém é mágico. Ajudar alguém é mágico. Receber ajuda é mágico. Fazer uma coisa porque se quer é mágico. Não fazer alguma coisa que não se quer é mágico. Saber o que quer é mágico. Viver é mágico.
Eu tava pronta pra dizer um monte de coisas e ganhei uma flor para acabar com a minha tristeza.