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quarta-feira, novembro 15, 2006

Enquanto eu devia estudar matemática...

A minha vida é um poema!
Não dá pra fugir disso.
Depois de buscar siriemas
e sanpoernas de menta
eu descubro - não tem jeito -
minha vida é poesia.
Dessas antipoéticas
cheias de coisinhas,
obstáculos chatos,
assim, com um monte de vida no meio.
A montanha canta se você parar para escutar
e as estrelas fazem barulho de sorriso
Não é pra ter explicação
nem pra parecer bonito.
Tem gente que faz aniversário
e pode até ser só por isso
que as coisas caminham pro caminho que precisam seguir
E tudo dá certo no final.
Só que o certo é muitos jeitos.


(OBS: Eu finalmente estou aprendendo a andar com as duas pernas que agora tenho.)


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Fora isso,
a saudade é um castigo pior
quando é saudade
da saudade que existia.
Fui tão infinita
quanto o tempo permitiu.
Tenho saudade de ter tempo
correndo solto e sem pressa.
Saudade daquela saudade
que imprensa o peito,
sufoca a alma
e desacaba num suspiro qualquer...
Mas eu há muito sabia
que o tempo não pára
e a saudade, vadia!,
perambula um montão de esquinas
e de tão esguia
me fugiu aos dedos.
Eu, tão menina!,
fiquei esperando alguém me olhar da janela.

sexta-feira, novembro 10, 2006

E a liberdade, quando é que volta?

Houve um tempo em que eu esperava o futuro com ânsia. O porvir - juro! - parecia promissor.
Eu já não sei se a vida perdeu a leveza ou se fui eu que aprendi a caminhar com esse ar pesado. O que eu perdi foi aquela noção de liberdade. A liberdade para encarar o mundo. Aceitar que, de um jeito ou de outro, tudo acaba se arranjando.
Eu não cresci, eu não mudei tanto assim. Entretanto, eu não sei mais esperar nada do Natal. Comemoro a Páscoa apenas para dormir. Os aniversários são dolorosos - nunca contem nada daquela esperança leve que eu desejo aos outros. Outro dia me disseram que eu parecia mais velha. Logo eu, uma menininha! O que me pesa nos olhos é a seriedade da vida. A busca de resultados que não vêm. A desesperança dos romances mal resolvidos.
Aliás, eu já me perdi dentro de mim. Perdi a boneca-flor-botão-crescente que olhava pra lua e sabia que viver era mágico e sentia o vento do mar nos olhos e chorava não de vento, mas de emoção transbordante. Nesse tempo, as distâncias pequenas do cotidiano eram passaportes para outros mundos. O peito desparava com qualquer felicidadezinha. Eu tinha refúgios dentro de mim e dos meus caminhos.
Hoje o tempo passou e a vida tá séria.

Tenho muita saudade de mim e dos que me rodeavam - aqueles bons amigos...


sexta-feira, novembro 03, 2006

Um dia em que eu tava transbordando...

Lula eleito. Sérgio Cabral também. Fotos. Fotos. Fotos. Francês. Pedro Correa do Lago. E eu - mesmo sem números - aqui sangrando. Hoje a comida não tinha gosto e eu pensei por um momento que eu nem tivesse vida. Meu Deus! Eu tenho uma vida inteira pra arrumar. Estive de luto. En français je ne peux pas utiliser le verbe sans le pronom. Respeito. Perspectiva. Colapso. Não amo ninguém, parece incrível! E não há um vazio fundo e doloroso, em lugar disso, uma urgência menor de sofrer. Nem por isso o peito desacelarou de vez, a vida ainda brilha intensa em mim. Uma vez aprendi que todo aprendizado é eterno. Aprendi também que o desespero da vida vale e muito a pena, e que tudo tem o seu tempo. O tempo arde. E quanto dele a gente já perdeu... Tantas frases engasgadas. Paixãozinha. Agora sim o presente parece ter se tornado passado. Juro que vi um ponto final, a princípio tímido, mas mais um pouco acaba até um capítulo. E eu juro que guardo ele com carinho na gaveta.

Fase de transição e cheia de medos. Eu não sei agora o que eu faço com essas coisas que só ele sabe. Muita falta de vergonha na cara isso.

A cada amor que nasce, brota uma flor na calçada. A cada amor que morre, guarda-se uma pétala seca dentro de um livro. Eu queria saber se só existe mesmo um amor. ("o amor não pode ser um"!) Vi meu amor cair na calçada e alguém passou distraído, pisou. Pena, fosse uma manhã de sol, a flor teria pisado no alguém. Eu não sei, apenas me disseram, que é muito preciso e necessário dizer o q se sente. Mas tem também q dizer o q não sente mais? Alguém distraído pisou na minha flor de amor e, sorrindo de leve, passou quase acanhado.

Garanto que uma flor morreu. Mas também garanto que ela um dia existiu e era a mais linda numa terra sem jardins.

- (frase engasgada.) -