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terça-feira, janeiro 31, 2012

Era para ser qualquer coisa e pode ser qualquer coisa. Podia parecer vertigem ou dia de sol no meio da chuva, no meio do tempo, no meio da carro. Era para ser inteiro mas ficou parecendo metade por alguma falta de calor e ficou parecendo uma dívida eterna, dessas boas de pagar em pequenas prestações para não se desvencilhar de nada.

Mas aí é outra coisa, como sempre inominável - e fica tudo sendo coisa e parecendo igual quando é completamente diferente e tem só no não nome uma semelhança. Tá tudo bem quando a gente não precisa mesmo de palavras para chamar, pois olhares, suspiros e melodias simples dão conta do recado. Poderia ser um bilhetinho (azul ou de todas as cores que existem) ou uma mensagem gravada em uma secretária eletrônica que já não existe. Não há problema se já somos de outro tempo, se o tempo é nossa ocupação.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

O sumiço é sinônimo de descanso. Um descanso cansativo como a vida sempre é, porque quase nunca dá pra descansar a cabeça e o corpo ao mesmo tempo, mas dá para ir somando os momentos alternados e ver que o resultado é aquela felicidade doce, uma certeza vaga de que eu não queria estar em nenhum outro lugar agora. Aquela felicidade completamente diferente das que prometem, vendem e alugam por aí - com direito a muitos sujeitos indeterminados que a essa altura do ano é melhor deixar para lá.

As marcas do corpo mudam um pouco. O corpo, a pele, os ouvidos são outros. Cada coisinha nos faz pessoas novas, ainda mais em épocas de renovação. Mesmo em meio a trabalho duro, o sol brilha, os dias brilham, as pessoas brilham, o sol nasce, se põe, a noite cresce bonita e venta luares doces, clichês deliciosos e momentos indescritíveis, irrepetíveis, maravilindos porque partilhados.

domingo, janeiro 08, 2012

Estradas, trilhos e muitos e variados caminhos

Eu quis ter feito um post de fim de ano, ainda no clima de natal, com agradecimentos a pessoas que tornaram a barra pesada que foi dois mil e onze um pouco mais leve. Mas aí o ano acabou e ficou fora de contexto. Depois eu quis fazer um de boas vindas pro ano, com promessas, energias vibrantes que inauguram coisas, mas aí passou também. Hoje já é dia oito, já tem mais de uma semana que o ano começou e, passado o deslumbre inicial, a vida vai continuando, plena e saltitante.

Dois mil e onze foi um ano que demorou muito a passar, tanto que merece ser escrito assim, bem por extenso. Dias longos, dores longas, trabalhos árduos e intermináveis, momentos de desespero - uma das partes boas foi uma espécie de reconciliação com esse espaço aqui. Recapitular o blog esse ano é passar um pouco por tudo o que passou. Vai passar, disseram dado momento. E não era mentira. Que bom. São sempre moinhos os monstros gigantescos, mas a gente só percebe isso depois de sair em migalhas. E eu me pergunto se monstros gigantes não seriam mais amenos, mais leves...

A sensação que eu tenho (acho que até já disse isso aqui alguma vez, sou sempre muito repetitiva) é que a cada ano - poderia dizer a cada dia, não fosse a época de ciclos outros - as coisas, digo, a vida fica mais densa e mais intensa. Nos problemas e nas sensações maravilhosas pelas quais passo. Dores indescritíveis, alegrias mais indescritíveis ainda é o que deixa o tal do doismileonze. Deixa também uma vida completamente diferente e inimaginável há uns meses atrás. Os abismos foram fundos a ponto de usar essa metáfora clichê - e os voos estão sendo altos.