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sexta-feira, maio 06, 2011

Diário de um prisioneiro - parte II

Há também os períodos em que, sem nenhuma possibilidade de escolha, chega uma espécie de caminhonete fechada. É sempre à noite, reconhecemos pelo barulho do motor. Com uma batida ensurdecedora na grade, alguns de nós são acordados - a maioria não dorme quase nunca ou tem aquele sono-sonâmbulo de quem está sempre em alerta, para esses, a proximidade do motor faz as vezes de barulho-desesperador-no-meio-da-noite provando que não é mesmo seguro dormir - e convocados para entrar na parte traseira do automóvel.

Geralmente somos cerca de vinte num espaço onde não caberiam cinco pessoas bem acomodadas, mas o balanço da estrada chega a embalar um descanso para os que não são marinheiros de primeira viagem. Depois que você descobre que não vai morrer (e mesmo se morresse, não faria grande diferença) consegue aproveitar as golfadas de ar fresco que entra pela pequena janela. Os golpes de ar trazem uma proximidade com sensações prazerosas já há muito esquecidas.

O destino se revela quando o sol já está quase amanhecendo - e traz consigo alguns dias de trabalho forçado sob o sol quente.

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