Ao som de Antes de começar (Moska).
Um belo dia você descobre que, ao contrário do que você sempre imaginou, o mundo não é dominado por um
apocalipse zumbi antes das nove da manhã. Ele existe.
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Pode ser péssimo para a minha reputação (oi?) admitir isso, mas:
eu gosto do bairrismo de Botafogo.
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Eu sei que estou na Zona Sul. Não porque Botafogo passa a
ser subúrbio. Não por causa do trânsito infernal e intermitente do Jardim
Botânico. Não pela praça que inaugurou (pelo menos acho que) essa mania de
chamar os lugares de Baixo-Lugar-Descolado-da-Galera. Não pelo cheiro de batata
frita que não é um cheiro de gordura velha, é cheiro de uma apetitosa batata
frita. Eu sei que estou na Zona Sul quando me cobram 50 centavos por UMA cópia.
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Há momentos em que vejo alguma coisa e sinto uma vontade
enorme de tirar uma foto para postar no feicebuque. Fosse um tempo atrás, eu me
defenderia dizendo que não tenho um aparelho tecnológico o suficiente para
fazer isso. Agora tenho. E vou resistir pelo menos até que as pessoas esqueçam
a matéria sobre banalização da imagem que compartilhei outro dia. A hipocrisia
vai bem, obrigada por perguntar.
O problema todo é que, como eu não fotografei, o mundo
(aham...) nunca saberá a graça que foi a mãe e a funcionária tentando manter
quieto um bebê de seis meses a fim de tirar a foto para o RG da criança.
Acrobatas perdem.
A parte boa é que não veremos um comentário da minha irmã na
foto dizendo que obviamente ela tem 3 meses ou dois anos. Certeza mesmo só a minha inabilidade para
reconhecer a idade dos pimpolhos.
Agora imagina o bebê apresentando o RG na porta da buátchi!
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O Registro de ocorrência é bom o bastante para os bancos,
para o plano de saúde, para a secretaria de pós-graduação, para o drama com os
amigos, para conseguir dinheiro emprestado, para que as pessoas exerçam a
atividade cotidiana e tão necessária para a humanidade que é me mimar, para justificar
faltas, ausências e crises de choro. Entretanto, não é bom o suficiente para o
Detran. Quem entenderá? Sem falar que eles podiam ter me dito isso antes que eu
pagasse uma fortuna pela cópia do BO insuficiente. Até o bebê pode ter um RG, menos eu.
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Só a cafeína expulsa a madrugada das pessoas.
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Se a padaria estava fechada, a programação matinal foi dar
com a cara na porta, o cartão não tinha chegado, o BO não servia e o cartucho
da impressora estava em falta, por que cargas de ingenuidade e otimismo eu fui
achar que meu diploma estaria pronto?
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A vida funciona assim: tem o caderno lilás fofinho, tem o
vermelho charmoso, tem o de capa dura, tem o quadriculado... e tem o que custa
cinco reais e trinta e cinco centavos. E já é um sofrimento me convencer de que
isso é barato.
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Moral da história: comer dá fome e sempre há Oz no fim do
túnel.
Os diplomas nunca estao prontos. É só a última oportunidade da burocracia acadêmica fuder com nossas vidas, você acha que ela a perderia?
ResponderExcluirThaís
que lindo. promete que um dia ainda escreve um livro?
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