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quinta-feira, outubro 30, 2008

Banco da frente

"Sou um móbile solto no furacão
e qualquer calmaria me dá solidão"

Não tem mais graça confessar. Não tem mais graça tomar coragem. Não tem mais graça cuspir coragem. Não tem mais graça tpm, tempo feio, dormir até tarde sabendo que terei pesadelo. Não tem mais graça meus pensamentos que ficam meio rimando sem querer. Não tem mais graça.
Eu não estou rindo, está vendo?
Não têm mais graça aposto, vocativo, complemento nominal. Não tem mais graça digitar tudo e dar merda - o troço sumir. Não tem mais graça chorar por razões hormonais. Não tem mais graça se esconder atrás de razões hormonais, de mudanças climáticas, do tempo que corre rápido pra caramba. Não tem graça.
Não tem graça a mesma frase cinqüenta vezes. Não tem graça a morte do trema nem dos acentos em ditongos. Não têm graça as idéias que somem - com ou sem acento.

Sou mesmo um móbile solto no meio do furacão. Girando, girando, girando... até ficar tonto e descobrir que girar também não tem graça nenhuma.

2 comentários:

  1. Eu poderia dizer que o seu texto não tem graça, se isso fosse verdade para mim, mas não é... a repetição tem toda a graça e o cotidiano embutido ainda mais.

    E outra coisa, concordo com o que diz sobre as coisas da gramática, não têm a mínima graça, ainda mais quando estudamos horas a finco essa desgrameira!

    Grande beijo!

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