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terça-feira, abril 26, 2011

Diário de um prisioneiro

Às oito eles desligam o ar condicionado. Às luzes ficam acesas até no máximo 21h15. Já é difícil respirar o mesmo ar daqueles que vemos, perceber que eles têm a mesma cara de desespero do nosso rosto. A angústia de não ter um espelho revira-se de um jeito estranho, dá vontade de não ter nenhum tipo de reflexo, melhor o vazio do que o reconhecimento justo na parte que não queremos admitir de nós mesmos. Ser plural já é bem ruim.

Quando a luz se apaga a angústia maior é a de respirar o mesmo ar daqueles que não vemos. Imaginamos apenas os olhares desesperados uns dos outros. Procuramos o branco dos olhos, a referência de desenho animado sem encontrar nada além das respirações entrecortadas, ofegantes, passando entre si goles de ar feito brincadeira de telefone sem fio.

5 comentários:

  1. Muito interessante. O retrato de total desespero estampado não no rosto do personagem, mas nos rostos que ele vê. E isso não acontece com os "livres"? Vemos nosso desespero, alegria, tristeza nos rostos que vemos.

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  2. Oi, tudo joia?
    tava lendo seus posts..gostei!
    depois da uma passadinha no meu blog...


    Bjus!

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