Sim, porque saber apenas a transitividade do verbo nunca serviu de nada a ninguém. Espera sentada, olhando os pés que não tocam o chão no auge de seus cinco anos de idade. Sacudindo-os de expectativa, como quem sabe que vai receber um elogio. Sempre esperando uma veneração que lhe dê sentido. Um sorriso de aprovação, uma estrela no caderno.
O silêncio e a espera lhe sorriem de volta, mas um sorriso irônico dizendo que não há o que esperar, que caminho a gente trilha com os próprios pés. Observa-os inquietos e incapazes. Conclui que precisa de um novo par de sapatos que estes não estão condizentes com a situação. Desce da cadeira com esforço - é mesmo alta - enquanto grita com os pulmões cheios para alcançar a cozinha:
- Manhêê! Me compra um novo par de sapatos?
Antes que a resposta venha, substitui a expectativa por uma aflição fingida sobre a cor dos ditos.
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