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terça-feira, janeiro 15, 2013

Inclassificável

Ao som de Medo de Amar (Vinícius de Moraes)

Um desejo que é meio ocasião, meio discografia.

É a voz da Elis que você procura no cheiro do meu pescoço e só encontra um verso estranho, apesar de repetido à exaustão.

É a visceralidade do Ney Matogrosso que você quer no gosto do meu sexo, mas não sabe que é só esse-gosto-molhado-que-as-pessoas-têm-quando-tiram-a-roupa e que a sede de outro corpo é só essa sede-que-ninguém-mata.

Por maior que seja o tesão musical, não vão surgir nos arrepios da minha pele as palavras de Chico.

É só sexo.

Coisa de vagabundos perdidos no fim das noites de sexta que viram sábados quando a gente vira do avesso.

É só sexo.

Não transcende melodias, não estoura em metáforas, não explode em timbres - nem sequer mata a sede (apesar de subverter uma ou outra convicção).

Só vira a página, o disco e muda a roupa que não serve mais.

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