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quinta-feira, janeiro 12, 2006

Recanto de madeira ao contraste com o céu nublado

Hoje eu passei por um canto
E achei-o tanto quanto recatado
Eu catei uns muitos prantos
- eles eram tão santos -
Que fiquei envergonhado
Fiquei também certo tempo
Um pouco assim, meio parado
Com cara de abismamento
Por lembrar dessas coisas
Foram tantos momentos

Eu visitei um recanto
Que - penso - ninguém nunca viu
cheguei a pensar em acalanto
Mas tudo mesmo já partiu

Cantei memórias doces
Soltei do cabelo os grampos
Provei mil e um amores
E ainda está lá o canto
Feito uma juventude perdida
Pedindo enquanto eu janto
Que perdeu-se de tão jovem
Feito bebê envolto em manto
E achou-se fora de ordem
Sem querer ordenhar ninguém

Disso ficou uma moça despudorada
Uma louca enrubrescida de ego inflado
Saia curta e roupa íntima
E viver, vale quanto?

Perguntei por aquela menina
Mas o canto era deserto
Tive receio do silêncio
Vi melhor sair de perto

Fui embora sem saber
S'inda mora alguém ali
Sem demora quero ver
Os remorsos que menti

Vida de ventos tantos
Ondas de mar e seus encantos
A madeira escureceu
ou terá sido apenas o céu?
Vejo chuva e nolite aqui
Noite de lua fresca
Onde passeia uma mulher
Meio desacostumada a sê-lo
E ainda sem saber o que é
A menina evoluiu, ficou velha e gasta
Agora, são suas mesmo as rugas alisadas
Os tempos elisados com z
O tempo de tantos anos
Foi ontem, eu sei...

3 comentários:

  1. "O tempo de tantos anos/
    Foi ontem, eu sei..."

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  2. Ah.
    Eu acho que... a gente muda, a gente muda, a gente muda, mas a essência sempre permanece.

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  3. pois é.
    o tempo passa sim.
    o que ele arrasta com ele eu não sei, mas passa, e rápido.
    Se é que ele levou algo...mas isso eu também não sei.
    eu acho que não, mas acho que sim.
    e acho que não sei definir o que acho.

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