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segunda-feira, junho 21, 2010

É a impressão que ela dá

Me perguntaram outro dia - embora a pergunta não tenha sido diretamente para mim, tomei as dores - se eu mataria pelo que escrevo. A pergunta soa muito forte e fiquei sem saber o que a pessoa queria ouvir como resposta.

Eu nunca fui nada a ideologias nem nunca gostei muito de defender causas. Talvez nunca tenha encontrado uma grande o bastante que merecesse meu esforço todo. Fato é que no meio de todo o meu ceticismo, olhei para o meu caderninho (onde não escrevo lá grandes coisas) e percebi que eu queria que a resposta desejada fosse que sim, que eu mataria pelas minhas idéias.

Fiquei com uma séria indignação quando percebi que a conversa continuava no clima, o problema é matar pelas idéias. Não cheguei a entrar no mérito da violência ou do direito que uma pessoa possa ter ou não sobre a vida da outra.

Olhei para dentro com toda superficialidade que um momento público me permitia e não vi idéia nenhuma. O problema não era a minha gana assassina (que toda vez que eu vejo uma barata descubro que não tenho) o problema é a total falta de pelo quê lutar.

Nunca achei que as bandeiras que vejo por aí levantadas serviam para mim. O mais perto que já cheguei de levantar alguma, foi uma com um arco-íris bem bonito. Confesso que as cores pareceram me proteger com uma áurea brilhante e justificada, mas com o tempo estava eu bebendo do mesmo copo dos meus inimigos.

Não digo que me vi nua, pois essa seria uma situação confortável para mim. Me vi sem reflexo, sem ter o que pintar no rosto em tempo de festa. Sem ter o que defender.

Eu posso defender algumas pessoas, as que amo, principalmente. Mas as tais das idéias de que falam naquela cena inicial de V de Vingaça ficam faltando.

Quando o tal do professor (ops, denunciei...) perguntou se alguém ali mataria pelo que escreve, eu, com as poucas coisinhas que escrevo, tive vontade de dizer que sim. Mas no meu silêncio, cantarolei uma musiquinha pouco conhecida: "nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que eu não estou afim de fazer. Não viro vampiro, eu prefiro sangrar. Me obrigue a morrer, mas não me peça pra matar").

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