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quarta-feira, junho 30, 2010

Polissilábica

Uma sinestesia. Depois de mais vinte e nove dias que são trinta e um, uma sinestesia é que encontra as pessoas que não estão mesmo procurando nada. Sem procurar a gente encontra muita coisa no caminho. Se espanta, se assuta. Cai, tropeça, levanta, abraça, segura na mão da outra para se erguer. Sem procurar nada a gente ergue bem alto uma coisa muito grande. A gente procura e procura muito, procura o que já achou. Procura a cada dia não perder as rédeas, não perder o caminho, não perder as pedras bonitas que desenham as trilhas, procura não deixar que as migalhas marquem o caminho de volta. Não tem volta, tem vontade. Tem uma vontade imensa de ficar. Essa que nos fez construir esse refúgio tão perto do céu e das borboletas no meio da sala junto com o nosso retrato. É porque, mesmo que não soubéssemos antes, era um sonho junto. A mente aberta e o coração aquecido pelo conforto das paredes do penhasco. Aquela luz mansa metamorfoseou-se muitas vezes até virar esse nosso sol de noites de lua cheia que une olhares perdidos no infinito ao mar incansável. Nesse abraço se fez um ciclo que não tem fim - e é só mudar o jeito de ver. Criou raízes que se alastram e quebram o chão para se enroscar. A gente se transformou muito ao longo desse tempo - porque mudar é viver cada segundo - nos transformamos em luares, em ventanias, em arco-íris, em plurais, correntezas, em sóis a pino. Aprendi a vestir o meu melhor sorriso e ver o seu que faz tudo ficar bem e certo. No meio de tudo o que aprendi ainda não sei o jeito certo de tirar do seu olhar essa neblina, mas não importa quantas vezes tenhamos que mudar de mundo, minhas mãos vão estar coladas às suas - eu juro que não vou soltar.

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