Páginas

domingo, fevereiro 05, 2012

Rascunho para uma Caroline: Pesquisar ou descobrir?

Eu tô cansada de tanta babaquice, tanta caretice... 
dessa eterna falta do que falar....

Para se ler ao som de Vida louca vida.

Para uma Caroline

O tempo passa a cada minuto. Meu cabelo não é mais o mesmo, a pele, os olhos, a extensão dos músculos - e a juventude é tanta ainda que nem parece. Olhando ninguém diz. Preces antigas aparecem num espelho estranho. Na sua idade eu já era assim e só tenho pra te dizer que mesmo depois que tudo mudar - e tudo vai mudar, e como vai com direito a exclamação seca - nada muda. As angústias, desesperos, vazios, loucuras não são diluíveis em álcool, fumaça, diplomas ou mesmo tintas de caneta. Não importa o quanto você pire ou encarete; não importa quantas vezes você vai se apaixonar ou quebrar a cara; não importa o quanto você pode ficar orgulhosa de si mesma ou o quanto pode se arrepender contemplando os próprios fracassos e olheiras no espelho. Não importa se você vai escolher certo ou errado, se nós já bem sabemos que apenas a tristeza consegue ser assim tão exata. No fim das contas é só a procura que vale. Não tem a ver com os cem caminhos versus os outros noventa e nove, a vida tem muito mais curvas, esquinas, estradas e, como você já deve ter percebido, ninguém dá nenhum mapa, tutorial, ma-nu-al.

Isso significa dizer que tudo o que eu queria te dizer é que vai sim, vai ser sempre assim - como dizem as músicas e os livros e os poetas: esse vazio ninguém preenche nem tem a obrigação de. A busca desencontrada é só sua, por isso, vá reunindo as poucas coisas e pessoas em que pode se agarrar.

Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve como borboletas que às vezes podem parecer e se transformar em anjos. Esse sangramento que ninguém estanca é o que vai te manter viva quando você achar que não é capaz de. O sangue é seu e ninguém pode ou sabe tocá-lo ou saber o que fazer com ele. Portanto, faça. E se descobrir me conte.

2 comentários:

  1. Eu fiz como o escrito de recomendação. Coloquei o Cazuza mastigando a vida dele nos meus ouvidos e li em voz alta e rouca, porque estou assim, neste momento. Rouco, com a voz pouca e muito a falar, ainda. sempre.É muio bom ler as suas palavras, em momentos em que a gente precisa. Me vem um 2007 e um 2008 de escadas velhas, de madeira, um cheiro inocente de uma revolução intelectual, de um momento de descoberta de si, no outro. Isso tudo eu falo de mim, porque me achei num pedaço teu. E como isso me faz bem e feliz! Saber que consigo me enxergar em você e te ver em mim também. Ai, obrigado por não calar. e, principalmente, em me abraçar,mesmo estando nós distantes, geograficamente. Você me abraça com suas palavras.
    Continue!
    Um beijo na alma!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Moço, nada me convence de que não revolucionamos de alguma forma - e que o tal momento de descoberta e procura nunca vai findar. Continuemos porque tem mais gente na mesma luta.

      Beijo na alma!

      Excluir

Sintaxe à vontade: