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segunda-feira, dezembro 03, 2012

Enrubrescendo

Qualquer coisa que povoe e sinta. Que possa colorir lábios, faces, cotidianos. Que faça sentir, mesmo que não seja real. Aliás, sempre melhor que não seja. A verdade é que "num deserto de almas, uma alma especial reconhece de imediato a outra". Ou não reconhece. Ou não é alma se não tem corpo. Tem aquele problema de entendimento, lembra? Não tem importância... É só uma história que não se escreve mas que fica povoando a mente, desviando daquilo que é importante, colocando a poesia no caminho. Às vezes é preciso um pouco menos de poesia pra conseguir viver, disseram. Não sei se deu pra reparar minha cara estarrecida.

Overdose de versos de um filme que eu já vi. Já sei como acaba. Já sei que depois não tem graça e sei também que eu estou sempre me expondo e que esse também é um jeito de preservar, como tudo agora é. Os dias são somatórios de engolir tudo e depois cuspir. Na cara se for possível. Escrever versos que depois rasgo, como na música. É preciso ter um a-partir-do-quê para construir. Espalho-me em versos ao redor e presto toda atenção no que eles me dizem para mergulhar nesses misticismos bobos, nessa ilusão falha de quem sabe que no fim das contas não adianta. São outros universos, corpos incompatíveis com esse falso e cliché de entendimento de almas.

Não há entendimento para além do teatro. As cortinas fecham, tornam a abrir e vira sempre o mesmo engodo. A mesma falta de vontade que não se rompe nem parece corruptível pelas minhas falsas promessas. Um dia cumpro e tudo volta a se perder nos eternos ciclos ou cílios.

(Não se destina a nada, mas se eu disser isso eu bem sei o que acontece)

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