Há cansaço. Há a vida que urge e se acumula em dias, em tarefas, em rotina - essa que chega, sempre chega de uma forma ou de outra para alguém dizer em tom controlador que a gente se acostuma a tudo na vida. A gente não se acostuma, mas a gente vai fazendo a vida que quer dentro do que as possibilidades permitem. Rema contra a corrente quando é preciso e deixa a maré carregar quando o balanço do mar é bom.
Caso é que o sono mesmo que chegue guarda na cabeça a lembrança de ontem que quer dizer que conquista é um processo. Que a gente ganha espaços - ou metafóricos e os territórios do corpo mesmo. Vai avançando aos poucos, alargando as fronteiras da pele e ergue uma bandeira. Pode ser uma bandeirinha pequena, uma bandeirinha do arco-íris, no pescoço. Claro, na-linha-em-que-se-encontram-o-pescoço-e-ombro-,-onde-o-cheiro-de-nenhuma-pessoa-é-igual-ao-de-outra. Isso a gente já sabe.
Sabe também que não é conquista no sentido militar do termo. Que no fim aquela bandeira não fica fincada ali. Que não é de ninguém e que também não é só uma curva de pele. Se fosse, já tinham se ido fronteiras infinitamente mais profundas. Tem gente do outro lado da lente e na metade de cá do espelho. Gente que se faz e que se mostra. Eu assisto. E caminho devagar.
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