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quarta-feira, setembro 17, 2008

Sob o signo de Afrodite

O amor é mesmo uma espécie de sacerdócio,
um ritual de falas ensaiadas,
um palco de luz apagada.
O amor é mesmo o que se espera
de um abraço quente no frio,
de um olhar blasé de carinho óbvio.
O amor é mesmo um acaso qualquer.
O amor é mesmo uma dicotomia.
O amor é mesmo impossível a dois
(às vezes melhor a três).
Um jeito qualquer de engolir sem degustar
a santidade.
Um jeito qualquer de denunciar no toque
uma necessidade precisa,
uma vontade ambígua.
O amor é sempre só o primeiro:
os amores são simulacros,
espelhos de um reflexo já desbotado.
O amor é mesmo o corrimão
da escada que a gente desce em saltos,
sem pestanejar.
O amor é um signo.
O amor é um assunto novo e vencido.
O amor é o equilíbrio
entre o que se quer e o que se espera.
O amor é algum tipo de entrega impossível.
O amor é uma instituição falida.
O amor é chato.
O amor acaba.
O amor é uma verruga na memória.

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